Você sabia que ter um plano de gerenciamento de temperatura é essencial para o sucesso da fabricação de velas? Neste post eu reuni 4 Leis importantíssimas na fabricação de velas.
(Caso prefira, você pode assistir o assunto deste post em um vídeo no youtube, disponível ao final desta página)
Eu venho ensinando a arte de produzir velas aromáticas terapêuticas desde que voltei de meus estudos na Ásia onde aprendi e treinei a fabricação de vários produtos geralmente utilizados e produzidos por colaboradores dos melhores SPAs tailandeses.
Mas aí você pode se perguntando: que leis você está inventando? Fazer vela é derreter cera, colocar uma fragrância, um pavio e esperar esfriar.
Mas não é mesmo! A temperatura influencia muito na qualidade e comportamento do produto final. E desde a temperatura máxima do aquecimento da cera até a temperatura do ambiente de cura são importantes. Nisso se inclui a temperatura do ambiente que você tá fazendo as velas, a temperatura que você adiciona a fragrância e a que você envasa a cera.
Estas temperaturas são planejadas para o seu projeto, você precisa sabê-las e seguí-las. E esse é o que eu chamo de "Plano de gerenciamento de temperatura". Mas as leis são algumas regras que você deve respeitar ao executar seu Plano de Gerenciamento de Temperatura – vamos lá?
Lei 1: Use apenas um método para medir a temperatura.
Como você mede as temperaturas ao fazer velas?
Pessoas novas ao ofício podem não ter um termômetro (e precisam comprar um o mais rápido possível!), mas artesãos experientes provavelmente têm algumas ferramentas diferentes para isso – incluindo termômetros de vidro, termômetro culinário ou termômetro infravermelho.
Todos eles medem a temperatura, no entanto, usar mais de um método em uma única fabricação pode atrapalhar a consistência do seu gerenciamento e te criar problemas.
Por quê?
Embora não haja debate de que a temperatura é um valor constante – ou seja, que 30º para mim é o mesmo que 30º para você, instrumentos diferentes para medir a temperatura podem nem sempre dar o mesmo resultado.
O termômetro de vidro, por exemplo, mede a temperatura ao ter sua ponta submergida na cera, fazendo com que o líquido interno (que geralmente é mercúrio) suba. Muita matemática e química estão envolvidas ali dentro para calcular o calor na ponta para a subida do líquido no interior.
Normalmente, esses termômetros são bastante precisos.
Já em um termômetro infravermelho, feixes de luz são projetados em um objeto e a energia resultante é medida e convertida em temperatura.
Ou seja, um termômetro infravermelho não precisa de contato e apenas mede superfícies, o que é significativamente diferente de um termômetro que mede abaixo da superfície em imersão.
Então, porque essa regra é importante? Porque se você não se limitar a usar apenas um modo de medir uma produção, usando sempre o mesmo aparelho, você não terá a precisão que necessita.
Sim, a superfície da cera pode estar mais fria do que abaixo dela.
Fabricar velas com excelência significa manter uma consistência em todas as fases do seu processo, incluindo como você mede fatores como temperatura. Se você estiver usando métodos diferentes para medir a temperatura, pode acabar com temperaturas conflitantes que atrapalham seus planos de gerenciamento de calor.
Lei 2: Manter a temperatura da cera abaixo da temperatura máxima.
À medida que você derrete a cera de um sólido para um líquido, você deve monitorar a temperatura de perto para garantir que a cera não ultrapasse a temperatura máxima que ela suporta. Da cera de soja, por exemplo, é 70º, já a parafina suporta até 100º.
A exposição prolongada acima da temperatura máxima da cera pode danificar as propriedades físicas dela, incluindo sua cor e sua capacidade de retenção de óleo. Métodos muito conservadores para aquecer a cera, como o banho-maria, acabam sendo mais seguros neste quesito, enquanto outros podem facilmente sair do controle.
Ou seja, não deixe a cera sem vigilância alguma durante a fase de fusão dela.
Mas Álysson, o que eu faço se eu esquecer e minha cera ultrapassar esta temperatura?
Se você puder retornar a uma faixa de temperatura normal rapidamente, provavelmente nada sério vai acontecer. O que causa danos é manter a cera em uma temperatura alta por um período prolongado.
Lei 3: Mexa sua cera antes de fazer as medições.
Sim, é bem básico mesmo...mas muita gente esquece disto.
Quase todas as fontes de calor usadas para derreter velas adicionam calor dos lados e do fundo, o que significa que o meio e o topo da cera geralmente estarão mais frios.
Uma medição precisa deve levar em conta essas diferenças. Então, mexer a cera antes de fazer a medição torna a temperatura mais consistente.
Você também deve mexer periodicamente durante o aquecimento para misturar áreas mais frias com as mais quentes para um perfil mais consistente também.
Mesmo que as partes mais quentes circulem por conta própria, que é o que acontece com o ar também, essa circulação não acontece perfeitamente.
Se a sua cera tiver pontos quentes ou pontos frios na hora que você estiver derramando ela num recipiente, isso pode formar crateras abaixo da superfície de sua vela. Você evita estes problemas simplesmente mexendo levemente a cera – não apenas antes de medir a temperatura, mas também periodicamente durante todo o processo.
Lei 4 : Melhor pôr a cera de volta no fogo se precisar, do que aquecer ela demais.
Pense em como as pessoas geralmente fazem velas:
Derrete a cera
Adiciona a fragrância
Mexe por 1-2 minutos
Despeja a mistura em recipientes
Mas e se onde você mora exigir uma temperatura de envazamento maior do que a que a cera está depois de misturar a fragrância?
Muitos iniciantes tentarão envazar imediatamente e rapidamente, acreditando que perderam sua janela de oportunidade. Felizmente, há uma maneira melhor!
Não há problema em colocar a cera de volta na fonte de calor até que esteja quente o suficiente para envazar.
A temperatura “certa” para envasar varia para cada design de vela, e depende também da região em que você mora. Lugares mais frios vão precisar de uma temperatura de envase maior, a não ser que você controle muito bem a temperatura ambiente.
Mas, Álysson, devolver a cera ao calor danificará ou reduzirá a qualidade da fragrância da vela?
Se você estiver usando óleos essenciais, há um risco maior de que a exposição a longo prazo ao calor danifique o aroma quente da vela, no entanto, retornar sua mistura ao calor para aumentar a temperatura em poucos graus provavelmente não causará problema algum.
Por segurança e desempenho, misturar adequadamente suas fragrâncias na cera cria uma vela mais consistente. A agitação da mistura também reduz qualquer chance de acúmulo de óleos em alguma área quando a vela endurecer. Então é importante estes um ou dois minutos misturando cera e fragrância.
Meus alunos me veem falar que óleos essenciais não devem ser adicionados com a cera numa temperatura de 60º ou maior. Porque essa é a temperatura máxima que os óleos suportam, fragrâncias sintéticas suportam bem mais.
Acima da temperatura suportada os óleos e fragrâncias volatilizam, ou seja vão evaporar e a vela não terá aroma, certo? Então, como assim eu posso reaquecer a cera já com a fragrância? Não vai causar danos?
Não se você não ultrapassar uns 12º acima da temperatura que a cera está. Uma vez que a fragrância é misturada com a cera, o ponto de ebulição efetivo da fragrância é maior do que o dela sozinha porque as propriedades da cera também entram em cena. Entendeu?
Então é isso, agora você já sabe maiores detalhes e de como o gerenciamento de temperatura é uma habilidade crucial para a fabricação de velas.
Comenta aqui embaixo se você sabia destes detalhes e me diz algo que você gostaria de saber mais. Eu prometo ler tudo e produzir mais conteúdo no assunto.
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Eu espero ter aumentado seu conhecimento e te ajudado a aperfeiçoar sua arte.
Até mais! Que a Luz esteja com você.